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  • Foto do escritorMaira Passos

Artista de rua (r)existe as dificuldades da pandemia

Atualizado: 30 de nov. de 2020

Audrei Luan conta como sobreviveu aos obstáculos causados pelo isolamento social.




Foto: Maira Passos


Em Salvador, o bairro boêmio Rio Vermelho abriga diversos artistas durante os horários mais movimentados de domingo a domingo, lá você encontra artesãos, pintores, malabaristas, cantores e até mesmo grafiteiros, o local é rico nas mais variadas áreas da cultura. Mas foi em março deste ano que a alegria do bairro foi abatida pelo coronavírus.


Com a confirmação da pandemia e o decreto de lockdown, todas as atividades caracterizadas como não essenciais foram suspensas, deixando muitas pessoas em casa sem trabalhar, entre elas os artistas de rua. Já que as ruas estavam fechadas, os artistas ficaram sem um espaço para expor suas obras e sofreram com o descaso da prefeitura soteropolitana.


E assim nasceu o movimento Arte Livre que, segundo o portal G1, tem o intuito de protestar pela inclusão de artistas de rua nos programas de assistência social emergenciais, para que esta categoria tivesse as devidas condições de sustento e sobrevivência diante da pandemia, entretanto ainda não obtiveram apoio da prefeitura. Atualmente, os espaços públicos já foram reabertos, o Rio Vermelho voltou à ativa e os artistas que se apresentavam por lá estão se adaptando à nova realidade.


Artista plástico sergipano que recentemente veio para Salvador, Audrei Luan vive e sobrevive de suas pinturas a mão em azulejos. Quando começou o lockdown não conseguiu fazer o cadastro no auxílio emergencial da Caixa Econômica porque perdeu seus documentos e logo após não teve ajuda dos órgãos municipais.


Diferente de muitos trabalhadores, o pintor conta que como não obteve o auxílio, recorreu a expor suas pinturas em frente a mercados durante os meses mais caóticos da pandemia, mas poucas das pessoas que passaram por lá o ajudaram. “As pessoas que colaboraram comigo, viram o quanto eu necessitava”, falou o artista.


“Todos os dias eu sou rejeitado, todos os dias eu tenho que superar isso. Por eu trabalhar com abordagem ao público, pessoas ignoram, tratam mal, entende?”, completou.

Com a reabertura dos bares do Rio Vermelho e a volta do movimento nas ruas, Audrei agradece por não viver mais o sufoco que passou nos últimos meses e deseja que possa melhorar ainda mais. “Comparando com antes, melhorou bastante, ainda não é 100%, mas está muito melhor, agora já consigo suprir minhas necessidades através do meu trabalho”, relatou com alívio.


O artista expõe suas pinturas estrategicamente no Largo de Santana, mais conhecido como Praça da Dinha, uma dos lugares mais movimentados do Rio Vermelho. Para ele, o bairro influencia na valorização de suas obras, por ser um local boêmio com um público muito diverso, embora ele também frequente outros espaços. "Às vezes também vou à periferia, a arte tem que ser levada para lá, para as pessoas que não tem acesso”, contou.


Audrei Luan pinta paisagens com os próprios dedos em azulejos, suas pinturas são lembranças de locais que já visitou. O azulejo é um quadrado perfeito e mede 15 centímetros, ele custa R$ 15, mas para Audrei o valor da arte é inestimável. “É o valor da minha vida”, concluiu o pintor.


Caso você vá ao Rio Vermelho, não deixe de passar na Praça da Dinha para contemplar os artistas locais, muitas vezes uma boa troca de ideias é suficiente para mudar o dia de alguém e valorizar seu trabalho.




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